Por que Jesus era carpinteiro? Parando para pensar, a carpintaria envolve utilizar um material bruto encontrado no mundo e transformá-lo em algo útil.
Comecei a pensar no assunto depois de observar uma imagem de Nossa Senhora e me lembrar que as graças não estão contidas no material, mas utilizam-no como meio de se manifestarem.
Assim como uma árvore não é uma cadeira, ambas são apenas meios de se manifestar uma virtude ou característica que a princípio não tinham relação com o material, que quando trabalhadas adicionam novas características que vão além das acidentais.
Podemos também encarar a ocupação de Jesus com o seguinte olhar: Um pedaço de madeira não pode ser moldado de qualquer forma. Existe uma certa “vontade” da madeira de tomar forma com as técnicas e ferramentas certas. Quando Deus, ao invés de criar cadeiras do ar como poderia muito bem fazer, respeita esta “vontade” ele demonstra sua humildade.
Há quem olhe para a madeira e sonhe que um dia ela se tornará uma bela cadeira, mas nunca faz nada para torná-la tal. Há também o que se recusa a dobrar-se ás regras, aplicando técnicas erradas que só vão cansar e machucar. Há, por fim, aquele que começa querendo uma cadeira e por falta de perseverança acaba com um balanço.
Só o verdadeiramente humilde, que reconhece suas limitações, entende a importância de seguir as regras com paciência e foco. E Deus, que não tem limitações, nos mostra essa técnica como um mestre que ensina ao seu aprendiz, e com o mesmo amor que um pai ensina ao seu filho. Ao mesmo tempo Ele demonstra sua paciência e respeito pela vontade do material ao qual molda.
Se somos material com verdadeira vontade, devemos entender que sem um carpinteiro somo apenas acidentes a mercê do mundo. Não podemos dizer que o produto final é mérito inteiramente nosso, mas também devemos reconhecer que não há cadeira sem madeira. E que houve uma vontade do material de se permitir ao Carpinteiro.
Assim como Jesus é Deus e Homem, somos carpinteiro e madeira. Afinal, fomos feitos à imagem Dele.
